socioeconomica
Frank Svensson
A vasta obra teórica de Marx e Engels, fundadores do materialismo histórico dialético, não inclui nenhum tratado ou texto específico sobre arquitetura. Mas só uma conclusão apressada ignoraria o quanto deixaram sob forma de método para a melhor compreensão dessa área da ação e do conhecimento humano. É frequente, dentro do pensamento não marxista, a imagem de que Marx e Engels só emitiram, a respeito de arte, literatura e mesmo arquitetura, ocasionais e arbitrárias opiniões pessoais, influenciadas pelo enfoque político dos mesmos. Contestamos esse menosprezo, inclusive por parte de reconhecidos pesquisadores marxistas, para com o enfoque estético de Marx e Engels, não o valorizando devidamente no âmbito geral da produção teórica dos mesmos.1
À primeira vista o conceito de arquitetura, à partir das teorias de Marx, assemelha-se ao de Hegel. Difere, no entanto, por esclarecer objetivamente o conteúdo social da arquitetura. Descrevendo o processo do trabalho, em sua obra O Capital, Marx evidencia a necessidade inerente à vida humana de lugares configurados para a sua presença e as suas atividades. Faz ver que o processo social da produção exige, também, meios indiretos de produção, sob forma de estradas, ruas, canais e fábricas. Um raciocínio que ligado à sua teoria da infra e da superestrutura da Sociedade, leva a incluir também os lugares para a reprodução da produção e para os aparelhos ideológicos e as instituições de sua superestrutura. Para caracterizar tal fato Marx não usa o termo arquitetura, mas empresta do latim uma expressão que traduz de forma muito feliz a essência da mesma: locus-standi, o lugar em que se está, no qual se atua.2
Vimos, antes, ser Hegel quem primeiro reconheceu o espaço como o que dá autonomia à arquitetura como ramo artístico, mas à luz das teorias de Marx e