sociedade
Perdição, de Camilo Castelo Branco, e por este sugerido, Espingardas e
Música Clássica gera a rebeldia em algumas personagens que, na obra camiliana parodiada, eram seres alienados, com pouca iniciativa, sujeitos à opressão familiar e política; sem esquecer-se da inclusão das lutas ultramarinas, os decorrentes exílios, fatos que têm relação com Pinheiro Torres e sua época, pelas várias conexões que se vão estabelecendo com os diversos tempos e textos.
Nessa linha de considerações, a representação não obedece aos cânones de um historiador propriamente dito, já que o autor ficcional não estabelece o mesmo compromisso de fidelidade ao factual, quer seja dos narradores, de personalidades ou de cenário da história; os dois autores se servem de uma reconstituição, respectivamente, para estabelecer uma sincronia: com o romance de Camilo e aquele que o incorpora, no contexto da ditadura salazarista, para conduzir a uma possibilidade de salvação; e com o texto da ditadura getulista, retomado de Memórias do Cárcere, na elaboração de Em Liberdade.
1.2 A polêmica entre o Presencismo e a proposta Neo-Realista 20
O Presencismo e o Neo-Realismo formularam romances de resistência contra a descaracterização do homem frente a pressões externas marginalizantes, que o reduziam a indivíduo de segunda mão, ou simplesmente a uma máscara sem vida e sem vontade. Se a Presença propunha uma literatura que buscava entender o substrato profundo da psique humana, era diverso o trajeto dos neo-realistas, que se voltavam para o fenômeno da alienação no plano da luta de classes.
Duas propostas, até certo ponto divergentes, ocupam espaço revelador no romance. Ao procurarem abordar as camadas da psique, os presencistas caminham pelo psicológico, pela análise dos arquétipos, à procura de um