Sociedade l quido moderno
A sociedade moderna de produtores foi gradualmente se transformando em uma sociedade de consumidores. Nessa nova organização social, os indivíduos se tornam ao mesmo tempo promotores de suas próprias mercadorias e todos habitam o espaço social descrito como “o mercado”.
O autor Zygmunt Bauman faz uso da metáfora da liquidez para caracterizar o estado da sociedade moderna contemporânea. Como os líquidos, ela é incapaz de manter a forma. Isso se contrapõe à da sociedade moderna anterior. Apesar da diferença, entre ambas há um elemento comum fundamental: o fato de serem “modernas”, isto é, de serem produtos do ato de pensar em si mesmas, próprio da civilização.
Para Bauman, “a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante” (p.8). A vida sempre foi assim, uma série finita de incertezas permeada por artifícios capazes de produzir um sentimento relativo e breve de estabilidade. Mas essa fluidez parece muito mais evidente agora. Talvez seja porque as inovações tecnológicas, os governos, a mídia e o mercado produziram um ambiente em que é cada vez mais fácil apagar, desistir, substituir. E a velocidade com que isso ocorre é que dá à vida esse caráter inconstante. É como se cada pessoa estivesse eternamente à procura de algo que possa ser seu novo objetivo ideal, mesmo sem compreender porque havia buscado o já ultrapassado o objetivo que ainda tem em mãos. Assim, a rapidez com que as variáveis mudam é a condição necessária e, talvez, suficiente para a sobrevivência no mundo líquido-moderno.
A velocidade com que o indivíduo transita entre o amor e o desapego, entre a relevância e o descaso, entre o moderno e o ultrapassado, entre o essencial e o desnecessário provoca um aumento do lixo. Cada pessoa carrega consigo um lixo particular, que precisa ser despejado em algum lugar. E isso acontece através da ajuda dos mais diversos meios, desde terapias até religião e sistemas educacionais.
A