Sobre a relação estabelecida por Descartes entre alma e corpo
CAMPUS SANTOS ANDRADE
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
filipe m. carneiro
SOBRE A RELAÇÃO ESTABELECIDA POR DESCARTES ENTRE ALMA E CORPO
CURITIBA
JUNHO - 2014
Descartes, ao escrever as Meditações Metafísicas, tinha em mente um projeto um tanto quanto ambicioso e que já é apresentado no primeiro parágrafo do texto: “estabelecer algo de firme e constante nas ciências”. Esse projeto ocorre porque Descartes reconhece que havia recebido “muitas falsas opiniões como verdadeiras,” de modo que se tornou necessário o questionamento dos fundamentos de suas opiniões. Para tanto, o filósofo utiliza-se do método da dúvida hiperbólica que consiste, de forma simplória, em considerar como sendo falso tudo aquilo que não é “certo e indubitável”.
Descartes então começa esse projeto questionando os sentidos que, segundo ele, haviam sido sua principal fonte de ensinamentos tidos como verdadeiros. Esse questionamento tem como ponto principal o argumento do sonho, que encontra seu limite na medida em que, mesmo ao considerá-lo, não somos capazes de duvidar de coisas “mais simples e mais universais” do que aquelas aprendidas através dos sentidos, como, por exemplo, das percepções de figura, quantidade, espaço e tempo. Mas mesmo essas percepções são postas em dúvida pelo argumento do gênio maligno, que passa a tornar a dúvida universalizada. Nessa situação de dúvida universalizada se encerra a Meditação Primeira.
Na Meditação Segunda, Descartes considera que o gênio maligno, ao fazer com que o filósofo sempre se engane, não é capaz de enganar algo que não exista. Segue-se desse raciocínio a primeira certeza: “eu sou, eu existo”. Mas, dessa primeira certeza surge a dúvida sobre o conteúdo dessa existência - ou seja, “o que sou eu”?. Essa dúvida conduz Descartes à análise dos atributos de seu ser, dos quais o único que resiste ao argumento do gênio maligno é o pensamento; e assim o método cartesiano chega à conclusão do cogito: