Sobre a Odisseia de João de Barros
UMA TEMÁTICA UNIVERSAL E INTEMPORAL
NOS PROGRAMAS DO ENSINO BÁSICO –
A ODISSEIA DE JOÃO DE BARROS
ROSA MARIA SOARES COUTO
A Odisseia de João de Barros1 é uma adaptação em prosa do poema homérico com o mesmo nome.
Esta obra integra a lista sugerida pelo programa de Língua
Portuguesa do Ministério da Educação, para leitura orientada no 7º ano de escolaridade. É esta, aliás, a razão que, aliada à minha formação clássica, me levou a tratar este tema com o objectivo de partilhar uma possível leitura da obra.
São diversificadas as razões pelas quais considero a Odisseia de
João de Barros uma boa opção para uma leitura orientada. Destaco as seguintes: 1. O facto de a nossa cultura ser herdeira directa da cultura e civilização greco-romana;
2. A universalidade e intemporalidade da temática, o que permite enriquecer bastante as aulas, através do recurso à intertextualidade e a outras formas de arte, das quais destaco a pintura. Com efeito, os temas clássicos são como que património mundial e, por isso, devemos zelar para que façam parte da cultura geral dos nossos alunos;
3. A transversalidade desta temática nos curricula escolares, transversalidade que atesta bem a sua relevância. Com efeito, para o 2º Ciclo, o programa de Língua Portuguesa sugere, para leitura orientada no 6º ano, a obra Ulisses, de Maria Alberta
Menéres, cuja temática retrata, como se pode depreender pelo próprio título, as aventuras e desventuras deste herói grego de mil façanhas e ardis. Também no 3º ciclo esta temática é
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Escritor e político português (Figueira da Foz, 1881 – Lisboa, 1960). Não confundir com os dois homónimos do século XVI: o historiador e moralista viseense
(1496?-1570?) autor das Décadas; e o moralista (Porto?-depois de 1553) autor de
Espelho de Casados; ou ainda com o João de Barros missionário e linguista do século
XVII (1639-1691).
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ROSA MARIA SOARES COUTO
contemplada no programa escolar: no 7º ano,