Smith e David Ricardo
Para Smith, um homem é considerado rico se tem condições de gozar das coisas necessárias à vida, e também aos prazeres dela .O autor abandona a teoria do valor-trabalho contido a partir do momento em que analisa que, na transição da economia para o capitalismo, se inicia e, mais tarde, se consolida, o processo de divisão do trabalho. Nesse contexto, os bens necessários à sobrevivência e comprovação da riqueza de uma pessoa provêm, cada vez menos, do próprio trabalho e, cada vez mais, do trabalho dos outros. Dessa forma, quanto mais trabalho alheio uma pessoa puder comprar, mais riqueza possui. Assim, o trabalho comandado vem a ser a própria medida do valor.
David Ricardo insere-se 40 anos após a publicação de “A Riqueza das Nações”, quando a Inglaterra é o país mais industrializado do mundo. É um defensor do livre comércio e, ao observar o funcionamento do capitalismo em seu estado normal afirma que este produz miséria. Ricardo parte da problemática da distribuição da riqueza e da renda na sociedade, enquanto em Smith a problemática gira em torno da multiplicação da riqueza e do valor das mercadorias. O objetivo da teoria de Ricardo era explicar as variações do valor das mercadorias, no qual o tema da acumulação de capital é subordinado às hipóteses sobre valor. Ele se apóia sobre as definições da obra de Smith para gerar contrapontos sobre elas e ir desenvolvendo sua própria tese.
O princípio do trabalho contido foi formulado mas abandonado por Adam Smith, que afirmava que tal conceito se tornava inútil no contexto da transição da economia para o capitalismo. Ricardo defende que o mesmo princípio pode ser perfeitamente aplicado às trocas capitalistas, pois o fato de parte do trabalho incorporado na mercadoria não voltar para quem a produziu (apenas parte do produto retorna aos trabalhadores, em forma de salário, sendo que o restante é transformado em lucro ou renda da terra) não altera em nada o seu valor, porque esse valor depende sempre do