Sintaxe
A autora Rosane Andrade Berlinck, (licenciada em Letras Português-Inglês pela Universidade Federal do Paraná [1982], mestre em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas [1988] e doutora em Linguística, pela Katholieke Universiteit Leuven - Bélgica [1995].) inicia o texto, publicado em Introdução a linguística – domínios e fronteiras. V.1, 2ª ed; São Paulo, Cortez, 2001, pg. 207-241, com uma explicação do termo sintaxe, que é a parte da gramática que estuda a ordem, a disposição das palavras para formar sentenças. A descrição da ordem das palavras (às vezes chamadas de constituintes) é organizada por regras, que são o objeto de estudo da sintaxe. Algumas dessas regras são bem conhecidas. A Gramática Tradicional dirá que a seguinte frase exemplifica a ordem direta, natural dos elementos da frase em português: S - V – C
Ex.: (1) Diadorim entregou o facão para Riobaldo (frase retirada do livro Grande Sertão: Veredas de Guimarães Rosa), onde:
Diadorim = sujeito (S) entregou = verbo (transitivo direto e indireto) (V) o facão = objeto direto (OD) para Riobaldo = objeto indireto (OI) o facão para Riobaldo = complemento (C) No entanto, há a ocorrência da ordem inversa, exemplo:
(2) O Miguilim eu vi ontem. (frase retirada do livro Manuelzão e Miguilim de Guimarães Rosa)
O Miguilim = objeto direto
Eu = sujeito
Vi = verbo (transitivo direto)
Ontem = complemento A construção da frase (2) é considerada possível e aceita, porém não é uma construção comum, e pergunta-se o motivo para tal ordenação dos elementos da frase; alguns gramáticos argumentam que seria a ênfase sobre determinado elemento constituinte da sentença. O fato é que nossa gramática se encontra distante da realidade, porque não se preocupa em descrever a língua em toda a sua complexidade, não inclui todas as formas que de fato os falantes utilizam, como suas variações linguísticas e regionalismos, ao invés disso, apresentam as regras que caracterizam uma das modalidades do