Sindicalismo - Resumo
ALGUMAS QUESTÕES DA AGENDA
SINDICAL NAS ÚLTIMAS DÉCADAS
CARMEN LUCIA EVANGELHO LOPES
Economista, Coordenadora Técnica da Secretaria Nacional de Formação da Força Sindical
to. As diferentes correntes ideológicas em voga naquele período defrontavam-se com a possibilidade de se tornarem prisioneiras das interpretações construídas sobre elas próprias. As diversidades presentes no movimento sindical pós78 permitiram a coexistência de versões contraditórias sobre o passado, ligadas não só à pluralidade dos modelos teóricos adotados para a análise dos fatos, mas também à fragmentação daquilo que interessava às diferentes correntes recuperar deste passado, condicionando os fatos a serem selecionados para explicar os conflitos existentes, dificultando uma compreensão de todo o processo. A disputa entre as correntes dava-se, também, pela apropriação da versão verdadeira do que ocorria.
Ao analisar o novo sindicalismo, Sader afirma que a autodefinição de sua identidade constituiu-se em um processo de interpretação dos acontecimentos e que “desde a designação dos fatos considerados significativos até a atribuição de significados a tais fatos, o trabalho de interpretação expressa uma luta” (Sader, 1988:226). Para qualquer agrupamento social, a necessidade de autodefinição da identidade é, na maioria das vezes, uma questão de sobrevivência. A utilização que os grupos fazem desta ou daquela versão para atrair adeptos ou fortalecer-se politicamente está ligada a princípios éticos estabelecidos pelo próprio grupo. Aceitar estas interpretações como ponto de partida para análises teóricas posteriores pode levar a confundir-se legitimidade com instrumentalização do trabalho de interpretação, trocando-se a questão “por que isto aconteceu?” para “de quem é o erro?” Ou, o que não é menos grave, a adoção de posturas tais como interpretar o ocorrido com os olhos do presente, retirando-se os fatos do contexto