Simulado de portugues
DISCIPLINA: LÍNGUA PORTUGUUSA
PROFESSOR: MARCOS GARCIA
PROVA DE RECUPERAÇÃO DO 4º BIMESTRE
TEXTO I
AMAI O PRÓXIMO, ETC...
Atendo o telefone na minha casa. “Victor está?” diz a voz do outro lado sem sequer um alô, um, por favor, nada. Eu, amável, informo que Victor não está nem pode estar porque não mora aqui. O outro bate o telefone na minha cara. Dois minutos, e o telefone toca novamente. “Quero falar com Victor” vem a mesma voz. “O senhor é muito mal-educado”, ataco logo para não lhe dar tempo de desligar. “Acabou de ligar, nem me agradeceu, nem me pediu desculpas, e bateu com o telefone. Como já lhe disse Victor não mora aqui.” A voz se faz mais mansa, “A senhora desculpe. Muito obrigado.” E desliga. Exulto. Ponto a favor da educação. Pois, se com medo de infligir-lhe as regras, sempre me abstenho de reprimendas desse tipo, é justamente para mantê-las vivas – as regras, não as reprimendas – que convém fazê-las.
Digo obrigada à caixa do supermercado, que não me responde. Peço por favor, ao funcionário do guichê que nem levanta os olhos para a minha pessoa. Dou bom-dia a o sujeito do açougue que parece não entender de que dia ou de que qualidade estou falando. Sou uma otária? Não, sou uma resistente.
Minha amiga Claudine de Castro, socialite das mais elegantes, publicou um livro de etiqueta. Uma graça o livro, bem-humorado, prático. Fui ao lançamento. Todos ali éramos veteranos praticantes daquilo que se chamava “boas maneiras”. Um bando de micos-leões-dourados pensei. Ameaçados de extinção. Uma amiga comum comentou que daria o livro ao sobrinho, ela não precisava. “Os jovens” acrescentaram, “andam muito mal-educados”. Os jovens? Não era jovem o senhor bem vestidérrimo que quase me segurou no meio da rua, interrompendo minha marcha célere, para pedir orientação a respeito de um endereço. Orientação fornecida, o cavalheiro, que certamente não fazia jus à definição, partiu sem dizer água vai. E fiquei eu, no