Show de Truman relatorio
O filme se passa em um reality show, retratando a vida “normal” de Truman em uma cidade inteira cenográfica criada exclusivamente para isso. O programa é líder em audiência e transmite o cotidiano do personagem principal há 30 anos desde seu nascimento. Só uma peculiaridade: Truman não sabe disso tudo e acaba sendo a única coisa real daquele local – se é que pode-se dizer isso, já que como veremos posteriormente, ele tem sua individualidade e subjetividade reprimida e seus desejos controlados por toda uma equipe.
Essa manipulação condiz com uma das premissas foucaultiana, sobre a transformação do “penso, logo existo” de Descartes para “algo pensa em mim” – no caso do filme nem pode se dizer transformação porque Truman sofre esse controle excessivo desde sempre, então ainda que carregue apenas para si suas vontades mais íntimas, ele não tem a possibilidade de desenvolvê-las ou demonstrá-las.
O estabelecimento de enunciados como moldes que ditam uma vida correta e perfeita não se restringe a Truman, vemos durante todo o filme a tentativa de vender esse estilo para os telespectadores que aprovam e invejam o cotidiano de Truman.
O discurso inicial de Meryl, sobre o programa de TV mostra não só aceitação mas, o anseio por esse tipo de vida, quando diz “Para mim não há diferença entre vida privada e vida pública”, ela fala como se não se importasse com o mecanismo de controle que havia por trás disso enquanto lhe conferisse um status social nobre, de estar vivendo a vida que milhares de pessoas desejavam.
Todas as vezes que Truman tenta sair do comportamento padrão, ele sofre alguma interferência que o faz voltar a ser o que foi condicionado a ser. Quando criança, ainda desejava ser um explorador, mas para atenuar essa personalidade aventureira, o meio fictício desenvolveu nele medos e limitações que o impediam de sair daquela cidade, mais do que comodismo á situação, isso demonstra o temor ao que é desconhecido, o que se compara á um