Show de Truman: Reflexão
Em sua investigação teórica sobre a rede que conecta os conceitos de globalização, cultura e sociedade, com enfoque na comunicação de massa, Mancebo (2002) expõe uma síntese de Rocha (2000) daquilo que seria a “indústria cultural” de Adorno e Horkheimer (1985):
Rocha (2000) sintetiza bem as características comuns à sociedade industrial e à indústria cultural: primeiro, a visão produtivista de mundo, enunciadora da máxima segundo a qual tudo em nossa cultura deve ser transformado em riqueza, tudo deve estar integrado à produção de mercadorias em geral compartilhando da lógica frenética de produzir novas ondas de produtos, com aparências sempre mais novas, com taxas de transferência cada vez mais altas); depois, a dificuldade de conviver com a diferença, a tendênciaetnocidária ou “a destruição sistemática de modos de vida e pensamento” (p. 122) das culturas diferentes e, por fim, o individualismo como ideologia, que significa afirmar, também no campo cultural, o indivíduo como unidade social relevante. (MANCEBO, 2002, p. 290)
Esta relevância enquanto unidade social assumida pelo indivíduo de que a autora fala toma corpo em Truman, personagem principal do filme que retrata a vida de um homem cujos primeiros passos, cuja convivência familiar e cujos erros e acertos são assistidos por, aproximadamente, 1,7 bilhões de pessoas conterrâneas de 220 países.
Não se pode necessariamente afirmar que a relevância de Truman aqui considerada se trata da relevância que ele atribui a si mesmo de forma individualista, ou à relevância atribuída, por exemplo, a um herói, que pela pró-atividade individual, salva o mundo. No caso de Truman, a relevância está no número de pessoas que, literalmente, “consomem sua vida”. Para o mundo todo, ela se torna uma mercadoria atraente, em que vale a pena investir.
Rodrigues (2011), por sua vez, identifica no roteiro