Show de bola
Frei Neylor Tonin
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|[pic]Cara de paisagem |
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|Lembra-te, ó Homem, de que ninguém gosta de um rosto enfarado, imutável e distante como uma paisagem, ninguém aprecia uma |
|pessoa inacessível, solene e engomada o tempo todo. Afinal, existimos para viver e conviver com sangue e paixão e não para |
|sermos peças empalhadas de algum estranho museu. Mas tem gente que se esforça em ostentar uma enluvada pureza, uma alienada |
|neutralidade, uma distância de paisagem. |
|Conhecemos todos pessoas assim, que se portam com uma calculada sobranceirice, como se o que é próprio ao comum dos mortais não|
|lhes dissesse respeito. Não vibram, não se emocionam, não mostram preferências, resguardam ciosamente seus sentimentos, |
|bloqueiam em si e esfriam nos outros qualquer tipo de reação e mantém, rigidamente sob controle, seus mais legítimos impulsos e|
|afetos. |
|Causam pena. Olhando para elas, até desejaríamos abordá-las, mas nos perguntamos como e se deveríamos? Como chegar ao seu |
|íntimo, como romper as máscaras rugosas de suas bem estudadas proteções? Parecem feitas de vidro, brilhante, mas escorregadio, |
|não riem, não choram, não abraçam. Mostram-se até educadas, sem se permitirem, no entanto, ser amigas ou cúmplices de ninguém e|
|de nada. |
|Costuma-se dizer que tais pessoas têm cara de paisagem, impassível e sempre igual, armada e diplomática, intocável e