Seres vivos
Sábia e com um apuro técnico também virtuoso, a trilha sonora composta unicamente por músicas clássicas (obviamente remetidas ao favorecimento financeiro de Phillippe), são envolventes e bem aplicadas. É através desta condição cultural sobre música e arte, todavia, que encontramos cenas magníficas carregadas de sarcasmo e ironia em suas aplicações.
Este é um filme raro, que encontra a dose certa em tudo que nele se aplica. Uma comédia inovadora e também com senso crítico, um drama bem controlado e conciso em seu objetivo, e uma história central preocupada em não carregar sua importância nas cenas de desfecho, e sim fazer de cada cena um ponto importante e profundo à moral de sua história.
Não, o filme não quer fazer você chorar com essa história, ele quer te fazer rir, pensar que estes problemas são próprios da vida, que ela tem seu rumo próprio e nós não mudamos suas maiores regras. Encurtando a história, mais vale sorrir ao que ainda nos quer sorrir do que chorar àquilo que nos quer afundar. Driss, com um carisma incomparável, jamais quer a riqueza de Phillipe, senão somente alguns pequenos prazeres que para ele valem à pena. Esta questão é facilmente percebida no contraste e modo como as banheiras são demonstradas no filme. Em sua casa, cheia de problemas e bagunçada, as crianças desmontam a boa experiência que ele queria encontrar ao tomar banho. Em contraponto, os olhos surpresos e admirados de Driss ao encontrar a banheira na casa de Phillippe, mostram com uma câmera lenta e um plano bem aberto uma banheira linda, sem barulhos e centralizada à cena, destacando-a em sua importância.
Do outro lado, Phillippe é respeitado