Ser Professor
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
João Guimarães Rosa
Ao escolher a profissão de professora, já reconhecia o quão importante é meu trabalho: a função social de desenvolver competências e habilidades que possam ser utilizadas pelo estudante na sua vida prática em sociedade. E foi nesse percurso como educadora (“percurso” ainda em “curso”, felizmente) que descobri um mundo de possibilidades e de potencialidades nessa profissão paradoxalmente admirada, mas tão pouco almejada por muitos nesse país. Convenci-me de que não podemos mudar o mundo, mas podemos despertar consciências que têm a possibilidade de mudar o mundo. Entretanto essa não é uma tarefa fácil diante do desfavorável contexto da educação brasileira. As muitas lacunas deixadas pelo poder público, pela família e pelas difíceis condições de trabalho rebatem na prática da maioria dos professores, tornando esse trabalho mais árduo do que ele já é. Diante disso, a figura do profissional professor “apaga-se” como uma possibilidade de trabalho para os mais jovens, tonando-se símbolo de sofrimento, algo que se faz por mais por “sacerdócio” do que por escolha de uma profissão com a sua devida função na sociedade.
Apesar disso, o professor é um formador de opinião, capaz de despertar desejos, motivar sonhos, levar o estudante a discutir teorias, a questionar modelos de estruturas sociais, a argumentar em favor de seus ideais. É nessa dimensão que essa profissão se agiganta, e agiganta-se porque excede o espaço da troca apenas da competência técnica, junto com ela vem sempre acréscimo das experiências de aprendizagem capazes de marcar um indivíduo por toda uma vida. Ser professor é participar desse belo processo sempre com a consciência de que está no papel de orientador numa experiência de troca constante, em que não existe o que detém o conhecimento, existe o conhecimento para ser desvendado pelos dois atores desse percurso.