Separação
O tema da separação desperta grande interesse e curiosidade, uma vez que, a maioria dos seres humanos já sofreu a dor de uma perda. Porém tal sofrimento repercute de maneira diferenciada na vida de cada indivíduo. Pode-se dizer a partir das reflexões propostas por Freud que a paixão se encontra dentre as doenças narcísicas, pois o sujeito busca alcançar sua completude através de um objeto idealizado.
Deve-se considerar que as relações amorosas da vida adulta têm como modelo as experiências vivenciadas na infância, por isso, o indivíduo revive não só os amores e os cuidados obtidos, mas também o sofrimento e o sentimento de desamparo.
Freud enfatiza que quando o homem escolhe a via do amor sexual como tentativa de encontrar a felicidade, ele se torna dependente de parte do mundo externo de uma maneira bastante perigosa, pois, a dependência do objeto amoroso escolhido, pode causar-lhe um sofrimento extremo caso perca seu objeto.
Este trabalho tem por finalidade a compreensão da maneira pela qual os seres humanos vivenciam a separação amorosa e o que faz com que esta separação seja sentida de maneira tão sofrida e dolorosa por muitos. Serão considerados os mecanismos utilizados pelo indivíduo na escolha de seu objeto de amor, para que em seguida possamos compreender porque a perda desse objeto, no caso, a separação, resulta em tamanho sofrimento.
2. A DIMENSÃO NARCÍSICA DO AMOR EM FREUD
Segundo Freud em Sobre o narcisismo: uma introdução (1914), as escolhas amorosas da vida adulta são uma atualização da relação primária com as figuras parentais. Para o autor, a busca pelo objeto de amor representa uma tentativa do indivíduo de recuperar seu narcisismo infantil perdido a fim de retornar à sensação ilusória de onipotência e completude vivenciada em sua relação primitiva com seu cuidador.
Freud aborda a questão da escolha amorosa, já na vida adulta, através da escolha de objeto. A escolha objetal denominada anaclítica ou de ligação,