Seninario
Segundo Furtado (2007, p. 70), o interesse de Vygotsky em estudar crianças com necessidades especiais surgiu por volta de 1924, quando fez sua primeira publicação na área da defectologia. Na época, esse termo era utilizado para a ciência que estudava crianças com vários tipos de deficiência.
Com um pensamento crítico e inovador, Vygotsky propôs um estudo das crianças com necessidades especiais a partir de suas interações sociais e não de suas carências orgânicas, ou seja, a partir do desenvolvimento histórico–cultural. Desta forma, a deficiência orgânica é um mero fato biológico que cria certas limitações consideradas secundárias e que não afeta o desenvolvimento psicológico diretamente (FURTADO, 2007, p. 70). A teoria histórico-cultural de Vygotsky evidencia a interação do sujeito com o meio que o cerca. Nessa perspectiva, o indivíduo, na sua relação social com o outro, apodera-se do conhecimento desenvolvido ao longo de um processo que é histórico. Sendo assim, os significados culturais que constituem um indivíduo ocorrem a partir do momento em que as ações do mesmo passam a ter importância para ele e o outro (SÃO PAULO, 2007). Melhor dizendo, a necessidade especial em si não gera conseqüências tão negativas quanto as que podem sobrevir da necessidade de socialização. Embora a existência de uma necessidade orgânica possa limitar e rotular uma pessoa, constituindo um fator negativo, certos recursos e adaptações no ambiente social e educacional podem promover a maximização do potencial da mesma.
Por exemplo, a surdez não era considerada por Vygotsky uma deficiência tão grave, a não ser que a falta da fala privasse a criança de contatos e experiências sociais (HOGETOP, 2003, p. 44). Vygotsky argumenta em uma de suas declarações que a aprendizagem da escrita Braille não difere, em princípio, da aprendizagem da escrita normal,