Seminário de Sociologia e Antropologia Jurídica
Capítulo 5 – O Homem Cordial
Para Sérgio Buarque, o Estado não foi uma continuidade da família. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. Segundo alguns doutrinadores, o Estado e suas instituições descenderiam em linha reta, e por simples evolução, da família. A verdade é que Estado e família pertencem a ordens diferentes em essência. É somente pela transgressão da ordem familiar que nasce o Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão.
Essa confusão entre Estado e família é comparada por Sérgio Buarque com a história de Sófocles, sobre Antígona e seu irmão Creonte, sobre um confronto entre Estado e família. Houve muita dificuldade na transição para o trabalho industrial no Brasil, onde muitos valores rurais e coloniais persistiram. Para o autor, as relações familiares (da família patriarcal, rural e colonial), eram ruins para a formação de homens responsáveis.
Segundo alguns pedagogos e psicólogos do dia-a-dia, a educação familiar deve ser apenas uma espécie de propedêutica da vida na sociedade, fora da família. Dirá que a separação e libertação do indivíduo da comunidade doméstica representam condições primárias e obrigatórias de qualquer adaptação á vida prática. Porém, não faltam, sem dúvidas, meios de se corrigirem os inconvenientes que muitas vezes acarretam certos padrões de conduta impostos desde cedo pelo círculo familiar.
No Brasil, onde imperou, desde tempos remotos, o tipo primitivo da família patriarcal, o desenvolvimento da urbanização – que não resulta unicamente do crescimento das cidades, mas também do crescimento dos meios de comunicação, atraindo vastas áreas rurais para a esfera de influência das cidades – ia acarretar um desequilíbrio social, cujos efeitos permanecem vivos ainda hoje.
Até hoje vemos a dificuldade entre os homens detentores de posições públicas conseguirem distinguir entre o público e o