1 . O adoecimento dos trabalhadores e sua relação com o trabalho Os trabalhadores compartilham os perfís de adoecimento e morte da “população geral”, em função de sua idade, gênero, grupo social, ou inserção em um grupo específico de risco. Além disso, os trabalhadores podem adoecer ou morrer por causas relacionadas ao trabalho, como conseqüência da profissão que exercem ou exerceram, ou pelas condições adversas em que seu trabalho é ou foi realizado. Assim, o perfil de adoecimento e morte dos trabalhadores resultará da amalgamação desses fatores, que podem ser sintetizados em quatro grupos de “causas” (Mendes & Dias, 1999): * Doenças “comuns”, aparentemente sem qualquer relação com o trabalho. * Doenças “comuns” - crônico-degenerativas, infecciosas, neoplásicas, traumáticas, etc. - eventualmente modificadas, no aumento da freqüência de sua ocorrência, ou na precocidade de seu surgimento em trabalhadores, sob determinadas condições de trabalho. A Hipertensão arterial em motoristas de ônibus urbanos, nas grandes cidades, exemplifica esta possibilidade. * Doenças “comuns”, que têm o espectro de sua etiologia ampliado ou tornado mais complexo, pelo trabalho. A asma brônquica, a dermatite de contato alérgica, a perda auditiva induzida pelo ruído (Ocupacional), doenças músculo-esqueléticas e alguns transtornos mentais exemplificam esta possibilidade, na qual, em decorrência do trabalho, somam-se (efeito aditivo) ou multiplicam-se (efeito sinérgico) as condições provocadoras ou desencadeadoras destes quadros nosológicos. * Agravos à saúde específicos, tipificados pelos acidentes do trabalho e pelas doenças profissionais. A Silicose e a Asbestose exemplificam este grupo de agravos específicos. Os três últimos grupos constituem a família das “doenças relacionadas com o trabalho”. A natureza dessa relação é sutilmente distinta em cada grupo. A Figura 2.1 resume e exemplifica os grupos das doenças relacionadas de acordo com a