Se és o filho de deus - resenha
Quanto às tentações o autor tenta estabelecer uma linha de raciocínio mais filosófica do que teológica e para entendê-lo é necessário que deixemos de lado tudo o que aprendemos desde o início da nossa caminhada cristã. Ele tenta quebrar alguns paradigmas e revelar que a tentação que Cristo sofreu, em sua humanidade, está justificada no corpo social colocando como principal fator a cobiça. Até aqui Ellul traz uma relação que pode ser plausível: a tentação é a conjunção entre a cobiça (raiz das tentações) e a circunstância criada pelo corpo social. Quando essas duas se encontram dão origem ao pecado. Mas depois disso faz uma declaração muito incoerente com toda a doutrina cristã: de que seria anti-bíblica a ideia de que Deus comanda cada minúsculo acontecimento [...]. Tudo o que vier escrito após essa declaração está prejudicado pelo simples fato de que Deus é soberano sobre tudo e Senhor do universo, onisciente, onipresente e onipotente (Mt 10.29,30). Seguindo sua própria linha de raciocínio, o autor entende que Jesus foi na verdade tentado pelo sistema, pela sociedade, pelas oportunidades e que o Diabo nada mais é do que um “personagem simbólico e artificial” e se considerar como verdade seu entendimento o fato de Cristo não ter pecado é que nele não se encontrava a cobiça, primeiro fator para o pecado. Mais uma afirmação que necessita de arrazoamentos e considerações para que se entenda.
No capítulo 1 Ellul fala de Jesus como “O Servo Sofredor” e passa a descrever e a interpretar, dentro dessa ótica de sofrimento, várias passagens dos evangelhos que