santapaula
2002/1
AS QUESTÕES COMPOSITIVAS
E O IDEÁRIO DO BRUTALISMO
PAULISTA
Maria Luiza Adams Sanvitto
O presente artigo foi extraído da dissertação “Brutalismo Paulista: uma análise compositiva de residências paulistanas entre 1957 e 1972”, desenvolvida como requisito à obtenção de título de Mestre em Arquitetura pelo PROPAR/UFRGS, no ano de 1994. O trabalho teve como temática o exame de um conjunto de residências unifamiliares, selecionadas entre unidades desta tipologia, que foram projetadas e executadas na cidade de São Paulo, contemporaneamente à tendência arquitetônica que passou a ser reconhecida como Brutalismo Paulista.
A verificação destas residências foi feita através de uma análise específica que investigou as características espaciais, formais e compositivas desta produção.
No exame dos exemplares foram considerados os conceitos da tradição acadêmica, relativos à composição arquitetônica, tais como: elementos de arquitetura, elementos de composição e estratégias compositivas - os quais garantiram à dissertação a especificidade de uma análise compositiva. A explicitação destas características forneceu critérios para contrapor a produção construída e o pensamento arquitetônico de seus protagonizadores, objetivo do trabalho.
Os arquétipos do Brutalismo Paulista
Os conceitos de composição, simetria, ordem, modulação e proporção, defendidos e ensinados pela École des Beaux-Arts, foram conservados nos porões do pensamento arquitetônico moderno, utilizados nas obras e sem reconhecimento no discurso. Embora existam atualmente vários estudos que demonstrem pontos de contato entre o movimento moderno e a tradição acadêmica, a doutrina moderna nem sempre assumiu esta precedência de forma explícita. O Brutalismo (Fig.
1), praticado em São Paulo a partir da segunda metado dos anos 50, inserido na diversidade e no sincretismo do Movimento Moderno, compartilhou esta postura. A verificação de sua produção sugere, no entanto,
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