Samuel Johnson
Samuel Johnson
Prefácio a Shakespeare
No seu Prefácio a Shakespeare (1765), o crítico literário inglês Samuel Johnson (1709-1784), faz uma análise apreciativa das qualidades e defeitos do poeta. No início do prefácio, Johnson menciona diferentes pontos a considerar quando se analisa e avalia outras obras literárias, como a utilização de frequentes comparações ou se esta ganhou reconhecimento gradualmente, assim expondo de forma eficaz a razão a que se deve a excelência de William Shakespeare. Este afirma que o dramaturgo isabelino merece toda a veneração e fama que recebe por ter “vivido” para além do seu século o que, para Johnson, é o primeiro teste necessário para o mérito literário.
Durante o século XVIII era muito popular representarem-se peças de Shakespeare ao ponto que em 1737 um quarto das peças representadas eram do génio dramaturgo. Shakespeare era considerado um génio que não tinha requerido ensinamentos aprofundados, extremamente original e criador de personagens únicas e “verdadeiras”. Independentemente disto, Johnson faz uma crítica rigorosa, imparcial e justa ao dramaturgo. Mas embora Johnson critique tanto os valores como as falhas de Shakespeare, este não deixa de demonstrar a sua profunda admiração pelo escritor que defende convictamente contra os ataques neoclássicos e as críticas do escritor francês Voltaire (1694-1778).
Na Introdução deste prólogo Johnson afirma que muitos críticos do seu século tomam tudo o que é antigo por garantido e contentam-se em encontrar as falhas em tudo o que é “moderno”, complementando também que enquanto um autor é vivo este é julgado pela sua pior obra e depois de morto pela sua melhor.
Relativamente à lei das três unidades Johnson concordava com a unidade de acção e discurdava das restantes duas: a de tempo e a de espaço. Segundo ele uma peça deveria ter: uma mudança na acção que fosse compreensível, vários incidentes que a afectassem, personagens com