Ruy Ohtake
O acesso de alunos e funcionários é reservado. À direita, no volume vermelho, encontram-se as salas de aulas de arte e informática
Na trilha da intermediação
Há um trato da arquitetura de Ruy Ohtake com a implantação do Centro Municipal de Educação Integrada (Cemei) Jardim Elvira, em Osasco, que transforma a obra num trabalho de intermediação. O projeto concilia questões topográficas ao programa - escola e centro comunitário de cultura e recreação -, partindo do pressuposto de que a setorização estanque equaciona demandas de uso tangentes, se não conflitantes.
Levando em conta o cenário carente do entorno - uma vizinhança predominantemente residencial - e a consequente demanda para que a escola servisse também à comunidade, colocou-se o desafio de fazer da Cemei Jardim Elvira, em Osasco, na Grande São Paulo, um instrumento para o uso compartilhado, misto educacional, esportivo e de lazer, simultaneamente privativo e público.
Por um lado, refletindo sobre a forte declividade, Ruy Ohtake considerou proveitoso manter o uso corrente do lote: o dos pedestres que o cruzam pelo meio a fim de cortar caminho. O ponto mediano do terreno, assim, “é uma trilha antiga que resolvemos aproveitar no projeto”, confidencia o arquiteto, revelando uma leitura amistosa que, de saída, setorizou a área em duas porções: acima e abaixo do eixo transversal.
Por outro lado, se o conceito da empreitada era o da integração de usos, a interface deveria ocorrer com absoluta clareza operacional, avalia Ohtake. “Rejeito a ideia de se abrirem portinhas intermináveis nos finais de semana para possibilitar o acesso público a uma simples quadra de futebol”, ele exemplifica.
A implantação do projeto é definida por dois blocos paralelos que se estendem transversalmente ao terreno de topografia acidentada e têm extremidades próximas das divisas
O bloco cultural e esportivo está localizado na porção nordeste do lote e tem acesso público, independente do fluxo