Roteiro para teatro de Maria Borralheira

Maia Borralheira

Havia um homem viúvo que tinha uma filha chamada Maria; a menina, quando ia para a escola, passava pela casa de uma viúva, que tinha três filhas: Dorotéia, Dulcinéia e Jucinéia. A viúva costumava sempre chamar a pequena e agradá-la muito. Depois de algum tempo, começou a lhe dizer que falasse e pedisse a sei pai para casar com ela. A menina falou ao pai: ― Papai, case-se com a viúva, porque ela é muito boa e agradável.
O pai respondeu: ― Minha filha, ela hoje te dá papinhas de mel; amanhã te dará de fel. Mas a menina sempre vinha com os mesmos pedidos, até que o pai assumiu compromisso de casamento com a viúva. Nos primeiros tempos ela ainda agradava a pequena, mas depois começou a maltratá-la. Tudo que havia de mais aborrecido e trabalhoso no trato da casa era a órfã que fazia. Depois de mocinha, era ela que ia à fonte buscar água e ao mato buscar lenha; era quem acendia o fogo e vivia muito suja no borralho. Daí lhe veio o nome de Maria Borralheira. Uma vez para maltratá-la, a madrasta lhe deu como tarefa uma quantidade muito grande de algodão para fiar e disse: ― Quero que fique pronto ainda hoje. Maria tinha uma vaquinha, que sua mãe lhe tinha deixado; vendo-se assim tão atarefada, correu, foi conversar com a vaquinha e lhe contou, chorando: ― Minha madrasta tem me feito trabalhar muito e deu-me como tarefa uma quantidade muito grande de algodão para fiar. A vaquinha lhe disse: ― Não tem problema; traga o algodão que eu engulo, e, quando botar fora, é fiado pronto em novelos. Assim foi. Enquanto a vaquinha engolia o algodão, Maria estava brincando. Quando foi tarde, a vaquinha colocou para fora aquela porção de novelos tão alvos e bonitos! Maria muito contente, botou-os no cesto e levou-os para casa. A madrasta ficou muito admirada e disse: ― Nossa! Você conseguiu fazer tudo o que lhe mandei?! No dia seguinte, lhe deu uma tarefa ainda maior. Maria foi falar com sua vaquinha, e esta fez o mesmo que da outra vez. No