Romantismo
Eis a letra:
Um índio
Um índio descerá de uma estrela colorida e brilhanteDe uma estrela que virá numa velocidade estonteanteE pousará no coração do hemisfério sul, na América, num claro instante
Depois de exterminada a última nação indígenaE o espírito dos pássaros das fontes de água límpidaMais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias
Virá, impávido que nem Muhammed Ali, virá que eu viApaixonadamente como Peri, virá que eu viTranqüilo e infalível como Bruce Lee, virá que eu viO axé do afoxé, filhos de Ghandi, virá
Um índio preservado em pleno corpo físicoEm todo sólido, todo gás e todo líquidoEm átomos, palavras, alma, cor, em gesto e cheiroEm sombra, em luz, em som magnífico
Num ponto equidistante entre o Atlântico e o PacíficoDo objeto, sim, resplandecente descerá o índioE as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizerAssim, de um modo explícito
E aquilo que nesse momento se revelará aos povosSurpreenderá a todos, não por ser exóticoMas pelo fato de poder ter sempre estado ocultoQuando terá sido o óbvio
“Um índio”, traz à tona um dos temas mais marcantes da literatura brasileira, o indianismo. A ideia de tornar o indígena o centro das atenções, tanto no poema , como na prosa se deu no início do Romantismo no Brasil. Inspirados principalmente pela proposta de Ferdinand Denis e de Gonçalves de Magalhães, os romancistas e poetas brasileiros produziram uma extensa obra onde o índio é visto como um grande herói da nação.Neste ínterim, podemos citar o famoso poema “Juca Pirama”, de Gonçalves dias, e a trilogia indianista escrita por José de Alencar.
Os românticos, mormente os da chamada primeira geração, acreditavam que uma literatura nacional só podia ser feita caso os escritores priorazassem temas ligados à natureza e ao índio. Segundo eles, ambos elementos eram responsáveis por diferençar a