Rodrigo de souza leão
Rodrigo de Souza Leão morreu aos 43 anos deixando um romance e poemas que delineiam a esquizofrenia
11 de julho de 2009 | 23h 42
Márcia Vieira - O Estado de S.Paulo
A literatura e a esquizofrenia vieram juntas há exatos 20 anos. Foi depois do primeiro surto, aos 23, que Rodrigo de Souza Leão começou a escrever ficção sem parar. Em algumas vezes, versos rabiscados no primeiro pedaço de papel que aparecesse pela frente. Noutras, poesias curtas em revistas literárias na internet. O mundo virtual era sua vitrine. Rodrigo editava uma revista literária, escrevia para sites e mantinha um blog, o Lowcura. No ano passado, conseguiu realizar um sonho: publicou pela editora 7 Letras seu primeiro livro em prosa, Todos os Cachorros São Azuis. Ficou eufórico por ser um dos 50 finalistas do Prêmio de Literatura Portugal Telecom, ao lado de nomes como José Saramago, Manoel de Barros e Milton Hatoum. O romance, quase uma autobiografia, é uma imersão no mundo da esquizofrenia.
Cristina Carriconde/Divulgação
ROTA DE FUGA - A doença o levou à literatura, que, por sua vez, o ajudou a viver com as alucinações
Rodrigo morreu na semana passada, aos 43 anos, de ataque cardíaco, amarrado a uma cama numa clínica psiquiátrica no Rio onde tinha pedido para ser internado uma semana antes temendo um surto. Na saída para a clínica se recusou a entrar no carro dirigido pela mãe. Tinha medo de não se controlar, tomar o volante e acabar provocando um acidente. Foi de táxi agarrado em Dulce, a irmã caçula. "Acho que ele se libertou. Era muito sofrimento", desabafa a mãe. A vida foi dura para Rodrigo. Assim como para os pais, Sylvia e Antonio, e os irmãos mais novos, Bruno e Dulce. No dia 25 de junho, antes de sair para a clínica, Rodrigo escreveu uma carta para a família, com tom de despedida.
"Vocês sabem muito bem que a minha vida não foi fácil. Sofreram muito. Sofremos junto. Sofremos nós. Eu gostei da vida e valeu a pena. (...)Tomara que exista