rochas magmaticas
A crítica de Cesário Verde, à sociedade dos finais do século XIX, é outra temática retratada.Os quadros citadinos que o poeta tão bem pinta com a sua técnica realista permitem-nos teruma visão das transformações que se operam na cidade, nomeadamente ao nível dasociedade burguesa. E Cesário, não fica alheio a tais mutações, quer sociais, quer económicas, quer culturais, que observa quando deambula pelas ruas da cidade. O drama da injustiça social é acentuado, por exemplo, no composição “Num bairro moderno”, não só pelo contraste das classes sociais, mas acima de tudo pela atitude de desdém com queo criado trata a vendedeira “rota” e “pequenina”, sintoma claro de injustiça social. Cesário recusa, assim, hierarquias sociais, pois o contacto humano com a vendedeira, na ajuda que lhe oferece, anula a sua própria relação de membro integrante de uma classe socialmente privilegiada, parecendo, aliás, esse contacto revigorar-lhe o espírito. Deste modo, o poeta coloca-se ao lado dos desfavorecidos, vítimas da opressão social da cidade, e vai denunciando as circunstâncias sociais injustas, por exemplo no retracto da engomadeira, tuberculosa, sozinha, a engomar, que se mantém a “chá e pão”. O poeta compadece-se assim, com o drama da engomadeira, que vive miseravelmente ashumilhações de um quotidiano citadino, sem esperanças, porque também ele se sentehumilhado pela rejeição e critica dos seus versos. Há portanto, uma espécie de analogia dos dois seres que, embora em situações antagónicas, sentem a dor e a humilhação. A última composição de Cesário Verde – “provincianas” -, que aliás, não chegou a concluir devido à tuberculose que o vitimou, parece apontar para o tema das injustiças sociais, para as diferenças entre as classes sociais, que o poeta denunciava. No entender de Joel Serrão, estacomposição marcaria o início de uma nova fase na obra do escritor. Sobre a mesmacomposição, escreveu Jacinto do Prado Coelho que o contraste entre o