Revolução no Porto 1820
Quando a família real deixou Portugal, mediante a invasão de Napoleão, a responsabilidade pela administração do país ficou com os ingleses. Entretanto, após a derrota do imperador francês, a demora do retorno do rei à metrópole fez com que houvesse uma inversão de papéis, conduzindo Portugal a um lugar periférico, como colónia, e o Brasil como sede do império. Em paralelo a isso, ainda que o Congresso de Viena tentasse restabelecer o Antigo Regime – principalmente devido à exaustão provocada pela extensão das guerras napoleônicas e o medo do terror jacobino revolucionário – as idéias liberais ganhavam terreno rapidamente.
Por outro lado, ainda que o governo imperial luso-brasileiro tentasse adotar medidas de emergência para salvar o Antigo Regime, isso não impediu que o edifício absolutista sofresse o primeiro abalo com a Revolução do Porto. Esses liberais portugueses haviam bebido em concepções revolucionárias mais moderadas, e não temiam transformações nas relações de poder. Fatores como o nacionalismo e as transformações estruturais da Revolução Industrial passaram a ser empecilhos a um simples retorno das velhas forças tradicionais. Aqueles que defendiam o fim do Antigo Regime reivindicavam o ingresso do império na modernidade – ainda que não soubessem o que isso significava. Queriam uma monarquia parlamentar regulamentada por uma constituição, a liberdade pensamento, de imprensa, e de associação, e o retorno do rei a Portugal. Dos dois lados do Atlântico circulavam folhetos, jornais e periódicos que discutiam esses ideais revolucionários. Pela primeira vez houve uma preocupação coletiva com a política. Em novos espaços de sensibilidades – tais como cafés, livrarias e sociedades secretas – todas essas questões eram discutidas.
Os governadores do reino não deram muita importância à Revolução do Porto inicialmente, porém, com a adesão de diversas cidades portuguesas, incluindo Lisboa, a situação tomou proporção. A posição dos descontes