Revolução Farroupilha
A Revolução Farroupilha, iniciada em 1835 e terminada em 1845, foi o mais longo movimento rebelde que já ocorreu em toda a história do Brasil. Uma das razões que ajuda a explicar a sua longa duração é a tradição militarizada da região Sul do país. Ela está situada próximo à fronteira, e seus habitantes foram participantes dos conflitos que envolveram o Brasil, a Argentina, o Uruguai, a antiga província de Cisplatina que, como vimos, fez parte do território do Brasil por um curto período. A região do Rio Grande do Sul havia se integrado na economia brasileira na época da mineração graças a produção do charque e as tropas de muares, o mais importante do meio de transporte do Brasil colonial. Formou-se uma camada de grandes estancieiros, que enriqueceram com estas atividades. No entanto, as oportunidades de ganho dos estanceiros do RS tinham um limite, representado pela concorrência do charque argentino. Eles exigiram que o governo central impedisse a entrada do produto estrangeiro e ainda baixasse o preço do sal, importante matéria-prima na produção de carne-seca. A economia do charque gaúcho sofria, portanto, de uma crise estrutural. Seus produtos não se destinaram a exportação, exigência de uma economia monocultora e colonial como a nossa. No entanto, o charque era produzido segundo uma estrutura colonial, isto é, baseada no trabalho escravo. Era uma economia subsidiária e por isso, mais frágil. A economia sulina gerou também uma nova camada social, com base nas atividades da pecuária e no comércio. Essa nova camada se unia na exigência de participação nas decisões politicas. Havia, portanto, uma coincidência de interesses entre comerciantes da área urbana e propriedades da zona rural. Esse tipo de sociedade e de economia gerou uma autonomia administrativa, cujo poder se concentrava nas mãos da aristocracia rural e urbana, gerando fortes tensões com o poder central. Essa situação latente de crise atingiu o ponto