Revolução dos Cravos
Em abril de 1974, soldados liderados por um capitão do Exército deixaram os quartéis rumo à sede do governo. Eles marcharam para derrubar uma ditadura que já durava mais de 40 anos. Passavam 20 minutos da meia-noite de 25 de abril de 1974 quando os acordes de “Grândola, Vila Morena” começaram a tocar numa rádio de Lisboa. A canção, que havia se tornado um hino dos jovens e intelectuais contra a ditadura, porém naquela noite, era um sinal: a revolução começara. A poucos quilômetros de Lisboa, sob o comando do capitão Salgueiro Maia, as tropas do quartel de Santarém começaram a movimentar-se. O mesmo ocorria em vários pontos do país.
Amanhecia quando os militares revolucionários chegaram ao Terreiro do Paço, onde ficavam os ministérios. Não foram necessários combates – apenas alguns tiros para o alto foram disparados – ou escaramuças. As tropas mobilizadas ganhavam cada vez mais adesões e o povo tomou as ruas, apoiando o movimento. Alguns telefonemas, emissários e um ultimato. Em poucas horas o governo de Marcelo Caetano – que assumira o poder depois de Oliveira Salazar, o ditador que governou Portugal de 1933 até a morte, em 1970 – foi deposto. Ainda na manhã do dia 25, a cidade foi tomada por manifestações populares, cartazes coloridos e flores. Sem ninguém saber bem a razão, floristas de Lisboa distribuíam cravos, símbolos da cidade desde os tempos imemoriais, para os soldados que os exibiam, gloriosos, nas lapelas. A população entoava em conjunto à música proibida: “Em cada esquina um amigo/ Em cada rosto igualdade/ Grândola, Vila Morena/ Terra da fraternidade”. Os militares fizeram com que Marcelo Caetano fosse deposto, o que resultou na sua fuga para o Brasil. A presidência de Portugal foi assumida pelo general António de Spínola.