Resumos
O tópico quase inexaurível da transferência foi recentemente tratado por Wilhelm Stekel [1911 b ]nesse periódico, em estilo descritivo. Gostaria de, nas páginas seguintes, acrescentar algumasconsiderações destinadas a explicar como a transferência é necessariamente ocasionada duranteo tratamento psicanalítico, e como vem ela a desempenhar neste seu conhecido papel.Deve-se compreender que cada indivíduo, através da ação combinada de sua disposição inata edas influências sofridas durante os primeiros anos, conseguiu um método específico próprio deconduzir-se na vida erótica — isto é, nas precondições para enamorar-se que estabelece, nosinstintos que satisfaz e nos objetivos que determina a si mesmo no decurso daquela. Isso produz oque se poderia descrever como um clichê estereotípico (ou diversos deles), constantementerepetido — constantemente reimpresso — no decorrer da vida da pessoa, na medida em que ascircunstâncias externas e a natureza dos objetos amorosos a ela acessíveis permitam, e quedecerto não é inteiramente incapaz de mudar, frente a experiências recentes. Ora, nossasobservações demonstraram que somente uma parte daqueles impulsos que determinam o cursoda vida erótica passou por todo o processo de desenvolvimento psíquico. Esta parte está dirigidapara a realidade, acha-se à disposição da personalidade consciente e faz parte dela. Outra partedos impulsos libidinais foi retida no curso do desenvolvimento; mantiveram-na afastada dapersonalidade consciente e da realidade, e, ou foi impedida de expansão ulterior, exceto nafantasia, ou permaneceu totalmente no inconsciente, de maneira que é desconhecida pelaconsciência da personalidade. Se a necessidade que alguém tem de amar não é inteiramentesatisfeita pela realidade, ele está fadado a aproximar-se de cada nova pessoa que encontra comidéias libidinais antecipadas; e é bastante provável que ambas as partes de sua libido, tanto a parteque é capaz de se