RESUMO
O trabalho tem a proposta de adentrar na estrutura da praxis poética de Cruz e Sousa (1861 – 1898), aprofundando seus mecanismos intrínsecos de criação, as variadas inflexões de sua tensão lírica, os recursos simbolistas dos mais diversos matizes; destacando – sempre a partir das construções deste poeta – os aspectos em que foi além de seu tempo, inovando e ultrapassando o panorama poético-literário que lhe era contemporâneo, e preparando o caminho para o pós-simbolismo e os futuros adventos da poesia do século XX.
Resumo
A obra poética de Cruz e Sousa – em seu âmbito de inovação e de abertura de caminhos para os movimentos que lhe sucederam – não será estudada na superfície imediata, na mera escolha dos temas de sonho ou religiosidade, na evocação do etéreo ou na lírica abolicionista, mas, sobretudo, na estrutura aberta do verso, na busca da essência, nos flashes de metáforas contrastantes, raras, de nuances surrealistas1, nas poderosas sugestões à “performance criadora do leitor”2, e em fatores que ressumam de uma análise construtivista, e não de simples matriz sócio-histórica.
Estes e outros aspectos pertinentes à obra de Cruz e Sousa serão analisados na medida em que transcenderam a época e influenciaram os poetas e escritores das décadas seguintes à morte do poeta.
ntretanto, quando Cruz e Sousa inaugurou o Simbolismo no Brasil, em 1893, tornou-se figura central e paradigma de construção poética simbolista. Como bem o demonstra ANDRÉA CESCO,“é consensual que Cruz e Sousa é a figura mais importante do nosso Simbolismo.“ 3
Por isso, a necessidade e importância do presente estudo, que abordará a poesia de Cruz e Sousa, e não meramente o Simbolismo ou os demais representantes deste movimento.
Ao abordar a estrutura do verso em Cruz e Sousa, alguns aspectos – como a ausência do pernóstico, do desgastado épico ou de modismos (como, por exemplo, nos sonetos “Sorriso Interior” 4, “Crê”, “Piedade”, “Vida Obscura”, “Supremo Verbo”, dentre outros) –