Resumo
A EDUCAÇÃO, SUA NATUREZA E SEU PAPEL
A palavra educação já foi empregada com um sentido bastante vasto para designar o conjunto das influências que a natureza ou os outros homens podem exercer sobre a nossa inteligência ou vontade. Em função de seus procedimentos e resultados, a ação das coisas sobre os homens pertencentes à mesma faixa etária difere da que os adultos exercem sobre os mais jovens. Segundo Kant, “o objetivo da educação é desenvolver em cada indivíduo toda a perfeição da qual ele é capaz”. Na definição utilitarista, segundo a qual a educação teria como objeto “transformar o indivíduo em um instrumento de felicidade para si mesmo e seus semelhantes” (James Mill), pois a felicidade é uma coisa essencialmente subjetiva que cada um estima da sua maneira. Com tal formulação, o objetivo da educação permanece, portanto, indeterminado, bem como a própria educação, que fica submetida à arbitrariedade individual. É verdade que Spencer tentou definir a felicidade objetivamente. Para ele, as condições da felicidade são as mesmas da vida. Não existe, por assim dizer, nenhuma sociedade em que o sistema de educação não apresente um duplo caráter: ele é ao mesmo tempo singular e múltiplo. Ele é múltiplo, já que, em certo sentido, pode-se dizer que em tal sociedade há tantos tipos quanto meios de educação diferentes. Por isso em cada um de nós, pode-se dizer, existem dois seres. Uma vez que, um é composto de todos as estados mentais que dizem respeito apenas a nós mesmos e aos acontecimentos da nossa vida pessoal: e o que se poderia chamar de ser individual. O outro é um sistema de idéias, sentimentos e hábitos que exprimem em nós não a nossa personalidade, mas sim o grupo ou os grupos diferentes dos quais fazemos parte. Este conjunto forma o ser social. Uma vez que a educação e uma função essencialmente social, o Estado não pode se desinteressar dela. Pelo contrário, tudo o que educação deve ser, em certa medida, submetido a sua ação. Para a