Resumo: "O Retrato de Dorian Gray: um romance em três tempos
O objetivo deste trabalho é comparar o contexto de publicacão do único romance de Oscar Wilde, “O Retrato de Dorian Gray", na Inglaterra e no Brasil. A obra aparece pela primeira vez no Reino Unido e EUA em 1890 na Lippincott's. É editada em livro em 1891. A tradução do texto para o português, feita por João do Rio, circula no Brasil em folhetim no jornal A Noite, em 1911. A publicação em livro é feita pela Garnier, em 1923, após a morte do tradutor. A partir dessas informações, se faz relevante considerar alguns tipos de leituras que são possibilitadas nos dois casos. Para compreendê-las, analisei dois aspectos ligados à estrutura do romance: o uso do narrador, pelo viés da narratologia de Genette, e a presença de descrições.
OBJETIVOS
Sabendo da abundância e diversificação dos estudos sobre Dorian Gray e de como tamanha gama de produções científicas interferem na iluminação de um único objeto de estudo, analisar o romance sob a perspectiva de sua circulação nacional é uma maneira diversa de lidar com questões relativas à obra. Portanto, procurei observar como o único romance de um autor extremamente influente no final do século XIX e envolvido com discussões estéticas circulou no Brasil.
Para isso tornam-se premissas inalienáveis do presente trabalho a relevância de Wilde nas discussões acerca do movimento estético que desvincula alguns valores da classe média vitoriana da literatura e o impacto da obra de Wilde entre os críticos do século XIX na Inglaterra. Levei em consideração que Dorian Gray foi escrito para ser um ensaio sob a forma de romance, escrito com objetivo de discutir ideias estéticas, e que foi recebido pela crítica inglesa sob o viés da imoralidade associada à vida íntima do autor. Tentarei demonstrar neste trabalho como, no Brasil, o interesse pela biografia de Wilde continuou uma possibilidade de leitura entre o público familiarizado com os acontecimentos divulgados pelos jornais brasileiros acerca de sua prisão, mas ao mesmo