Resumo: O Desententimento - Jacques Rancière

O Desentendimento

Para Aristóteles o homem é um animal político pois teria a palavra (logos – capacidade de julgar) ao contrário do escravo que compreenderia o logos mas não teria a capacidade de julgar, ou seja, Aristóteles coloca que o escravo assim como os animais só teriam a voz (foné)para expressar a dor e o prazer. Para Aristóteles a sociedade estaria dividida em três estamentos: a aristocracia (aristói) que possuía como qualidade intrínseca a virtude, a oligarquia (oligói) que é a detentora da riqueza e consequentemente do poder, e o povo (demos )que possuía como característica a liberdade. O povo seria a massa indiferenciada daqueles que não têm nenhum título positivo – nem riqueza, nem virtude – mas que têm reconhecida a mesma liberdade presente nos outros estamentos. Seria nesse momento que se daria o erro na contagem para Ranciere, pois a contagem do povo se daria geometricamente e resultaria em um todo que não coincidiria com a soma de todas as partes. Para Ranciere a divisão da sociedade em suas partes desiguais, a ordem da dominação de umas partes sobre outras é interrompida por um litígio (que seria o desentendimento político) comum aos que têm parte e aos que não têm parte. A política teria por força motriz o dissenso (desentendimento), visando o principio da igualdade. E para Jacques Ranciere a desigualdade só é possível pela igualdade, um paradoxo, uma vez que a desigualdade é que fundamenta a igualdade, ou seja, a igualdade é um elemento apriorística para o aparecimento da desigualdade e para a ruptura com essa situação de desigualdade. Lembrando que essa igualdade não se inscreve diretamente na ordem social, ela só se manifesta pelo desentendimento.
A Política para Ranciére seria rara e se daria apenas quando a lógica promovida pelas partilhas desigualitárias ou a ordem da dominação seriam suprimidas por lutas e conflitos empenhados na atualização do princípio de igualdade forçando a reconfiguração do sensível. Entretanto nem toda