Resumo - A Formação do Homem Moderno vista através da Arquitetura - Capítulo 1: O Gótico
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BRANDÃO, C. A. L., A Formação do Homem Moderno vista através da Arquitetura
Capítulo 1: O Gótico (pág. 33 a 66), Editora UFMG, 1991
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DO PANTHEON ROMANO À CATEDRAL GÓTICA
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A arquitetura se mostrou recíproca ao universo desde a arte clássica até o início da modernidade; ou seja, a construção do edifício era semelhante à criação do cosmos. Tudo isso tinha o objetivo de trazer para a arquitetura a simetria, a harmonia e a proporcionalidade universal. Segundo Payot, o edifício atinge sua excelência ao nos levar à Deus, à origem do mundo. Existe algo de divino regendo a arquitetura, de forma que ela se torna responsável por construir o edifício de acordo com as prescrições de Deus. Ao longo do tempo, isso foi percebido em várias tentativas diferentes, sendo a cúpula do Pantheon em Roma um exemplo desse caráter divino. No centro dela, a ordem cósmica e a ordem humana se misturam, fazendo com que o homem se sinta confiante, poderoso e inspirado a produzir a história de acordo com o plano de Deus, sendo que ele se situa no meio de tudo isso.
Com a queda do Império Romano, entretanto, essa divinização do homem é diluída, refletindo também na construção dos edifícios medievais. Já não são mais os céus que chegam à terra, mas o homem deve chegar a Deus através do edifício da igreja, elevando-nos até sua graça. Para chegar a esse ponto de comunhão, que acontece no altar, o homem deve andar por toda a longitudinalidade da nave (não mais a centralidade romana), simbolizando o caminho da salvação. Em Santa Sabina e San Apolinar Nuevo, é possível ver essa planta em profundidade dinâmica. O espaço parece, inclusive, mais espiritualizado, devido à luz que penetra pelos vitrais superiores como uma mensagem divina. Mesmo na planta central bizantina de Santa
Sofia, a luz que entra pelas janelas sob a cúpula é translúcida e cria essa atmosfera mística que leva o fiel ao mundo sobrenatural de Deus.
Diferentemente dos