Resumo: movimento sou agro: marketing, habitus e estratégias de poder do agronegócio
Em 2011 foi divulgada nos veículos de comunicação do país a campanha Sou Agro, um movimento arquitetado pelo agronegócio que objetiva criar uma imagem positiva do setor, ao vincular o agronegócio a um alto grau de produtividade, modernidade e preservação ao meio ambiente. Nessa esfera, a professora Regina Bruno, doutora em Sociologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), discute através do artigo “Movimento Sou Agro: marketing, habitus e estratégias” a imagem que o agronegócio está construindo e para quem ele está direcionado.
Na percepção da autora, a campanha de valorização do agronegócio nasce das discussões sobre a problemática do meio ambiente sob o contexto da elaboração do Novo Código Florestal e a necessidade de construção dessa imagem positiva surge para afastar a ideia de que o agronegócio depreda e destrói o meio ambiente.
Segundo Regina, a forma utilizada pela campanha para ganhar visibilidade é retratar uma imagem do agronegócio como responsável pela produção de alimentos para um “planeta faminto”. As formas publicitárias utilizadas – imagem, mídia e marketing – surgem como fator determinante na construção simbólica do poder e legitimação patronal rural. Para justificar seu ponto de vista, a autora chama atenção para as questões da terra, padrão tecnológico e mercado, sustentabilidade, preservação do meio ambiente e exemplos de como a mídia utiliza-se do marketing e de imagens para promoção do produtor agrícola.
A autora ainda relata que a campanha de valorização do agronegócio diz tentar alcançar o homem urbano, mas sua verdadeira intenção é convencer pequenos proprietários, sitiantes, agricultores e pequenos produtores cooperativados que eles fazem parte de um Código Florestal que os prejudica por serem desfavorecidos, afim de fundir os interesses dos grandes proprietários com o dos pequenos.