Resumo livro 11 de Agostinho

O tema do tempo no livro XI é perseguido por muitos pensadores, como indicado por Husserl na epígrafe deste curto ensaio. Neste ensaio não exercitamos uma revisão de literatura, senão uma interpretação do texto agostiniano. Nosso interesse é identificar como o tempo é problematizado por Agostinho, numa especulação entre a eternidade, a creatio ex nihilo, e a tríade praeteritum, praesens, futurum. Essa especulação agostiniana sobre a temporalidade abre, também, uma discussão sobre o eu penso, o cogito como uma categoria da identidade interna, subjetiva, do ser pensante. É sobre esta dupla questão, do tempo e da interioridade, que conduziremos nossas reflexões.
O Livro XI possui 31 capítulos. Podemos estabelecer a seguinte estrutura do texto: capítulos 1-2 lidam com a relação entre Agostinho e Deus, entre o homem de fé e o criador; capítulos 3-4 abrem a reflexão sobre o significado da criação; capítulos 5-9 elaboram a teoria da palavra criadora e sua manutenção, como parte da teoria da criação ex nihilo; capítulos 10-13 discutem a eternidade como tempo de Deus, que se introjeta na história humana; capítulos 14-27 apresentam três teorias agostinianas do tempo, complementares entre si; capítulos 28-31 oferecem uma teoria da unidade do eu. Esta estrutura descritiva da ordem pode ainda ser re-estabelecida em três divisões que permitem uma melhor visão da economia do texto: 1-13 – introdução ao problema do tempo; 14-27 – três variações sobre o tempo; 28-31 – o problema da subjetividade temporal.
Na economia das Confissões, o livro XI encerra as reflexões sobre a vivência de Agostinho, e abre as reflexões finais, do livro XI ao XIII, sobre a criação. Porém, de todos os livros das Confissões é o livro XI que guarda o principal aspecto filosófico da obra, a saber, a hermenêutica da relação entre temporalidade e subjetividade: existe o tempo? Como o experimentamos? A memória e a expectativa são funções do tempo ou da subjetividade? Como o presente se afirma na