Resumo do Reino de Axum
Pelas pinturas rupestres encontradas desde o norte da Eritreia até a terra de Harrar, pode‑se deduzir que a região era habitada por povos pastores, que reproduziam nos rochedos as figuras de seus animais: um gado sem corcova, de chifres longos, parecido com o que se criava, a esse tempo, no Saara e na bacia do Nilo. Conclui‑se que eram muito antigas as relações entre esses povos e o mundo egípcio.
Outras fontes escritas da mesma época, e particularmente os textos sul‑arábicos até hoje conhecidos, não parecem conter a menor alusão ao que se passava então na margem africana do mar Vermelho.
Excetuando‑se as lendas, que não constituem fontes confiáveis, a única fonte de informação de que dispomos são as descobertas arqueológicas feitas a partir do início do século XX. Através dos achados foi possível reconstituir a época pré‑ axumita, que, segundo F. Anfray, pode ser subdividida em dois períodos: o período sul‑arábico e o período intermediário.
A Etiópia no período sul‑arábico. Os pontos representam os sítios arqueológicos, sendo os mais importantes grafados com maiúscula. Os círculos indicam as cidades atuais. (Mapa fornecido pelo autor.)
O único monumento arquitetônico conservado desse, período é o templo deYeha, mais tarde transformado em igreja cristã. É ainda para Marib que apontam outros elementos esculpidos descobertos em Yeha, como as placas denticuladas e caneladas, e o friso com figuras de cabritos‑monteses, também encontrados na região de Melazo, em Haúlti e Enda Cerqos. Este setor de Melazo, cerca de 10 km ao sul de Axum, revelou‑se um rico centro de esculturas do período sul‑arábico. Além das estelas de Haúlti e das placas já mencionadas, que podem ter servido de revestimento para paredes, descobriram‑se ainda várias obras reutilizadas em posteriores reformas; as mais notáveis são o naos e as estátuas encontradas em Haúlti.
O período intermediário
Assim foi chamado o segundo período pré-axumita, cujos vestígios