Resumo do capítulo 5 (o homem cordial) do livro Raízes do Brasil
Sérgio Buarque de Holanda
Evelyn de Morais Lasak1
O Estado, para Sérgio Buarque de Holanda, não se configura como uma continuidade do círculo familiar. Há uma relação conflituosa entre Estado e família. Como exemplo, ele utiliza o mito de Antígona e Creonte para demonstrar a oposição existente nessa relação. De forma resumida, esse mito conta a história de Antígona, uma irmã leal que desejava sepultar seu irmão, Polinices, que havia sido morto em confronto. Seu tio, Creontes, tornando-se rei, proibiu-a de sepultá-lo, seguindo uma crença. Ela o desobedeceu e recebeu ordens para ser castigada, porém, o filho de Creontes, noivo de Antígona, escondeu-a. O rei condenou o próprio filho à morte. Após a execução de seu filho, o rei se arrepende e reconhece que as uniões familiares devem estar acima de qualquer poder. A essência desse mito encontra-se presente ainda em nossos dias, onde a lei geral se sobressai sobre a particular. Como exemplo: o resultado da transição do trabalho artesanal para o trabalho em fábricas. As crises que se instauram, quando as relações de trabalho eram pessoais e diretas, e começam a ser substituídas por uma hierarquização crescente, em que as relações sociais e instituições tendem a substituir os laços de afeto e de sangue, são percebidas atualmente quando ainda há famílias “retardatárias”. Estas famílias educavam apenas para o círculo doméstico. Tendem a desaparecer por causa das novas condições de vida, cada vez mais separando o indivíduo da comunidade doméstica. Em relação a isso, a pedagogia científica segue rumos opostos dos antigos métodos de educação. Um de seus adeptos aconselha que a obediência só deva ser estimulada se a imposição de regras e opiniões seja reconhecida pelas crianças como experiência dos pais nos âmbitos sociais que a criança ingressa. A dificuldade de adaptação do indivíduo no meio social é justificada pela imposição de vínculos demasiados