Resumo de Hannah Arendt, Origens do totalitarismo. Cap. O totalitarismo no poder. O domínio total - p.488 a 500
O domínio total - p.488 a 500
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O domínio total, que procura sistematizar a infinita pluralidade e diferenciação dos seres humanos como se toda humanidade fosse apenas um indivíduo, só é possível quando toda e qualquer pessoa seja reduzida à mesma identidade de reações. O problema é fabricar algo que não existe, isto é, um tipo de espécie humana que se assemelhe a outras espécies animais, e cuja única “liberdade” consista em “preservar a espécie”. O domínio totalitário procura atingir esse objetivo através da doutrinação ideológica das formações de elite e do terror absoluto dos campos; e as atrocidades para as quais as formações de elite são impiedosamente usadas constituem a aplicação prática da doutrina ideológica, enquanto o terrível espetáculo dos campos deve fornecer a verificação ‘teórica’ da ideologia.
O primeiro passo essencial no caminho do domínio total é matar a pessoa jurídica do homem. A destruição dos seus direitos mais sua morte jurídica são a condição primordial para que seja inteiramente dominado. E isso foi conseguido quando certas categorias de pessoas foram excluídas da proteção da lei e quando o mundo não-totalitário foi forçado, por causa da desnacionalização maciça, a aceitá-los como os fora-da-lei. Logo a seguir, foram criados os campos de concentração fora do sistema penal normal. Em todas as circunstâncias, o domínio totalitário cuidava para que as categorias confinadas nos campos (judeus, portadores de doenças, representantes de classes agonizantes) perdessem a capacidade de cometer quaisquer atos normais ou criminosos. “Os campos destinam-se não apenas a exterminar pessoas e degradar seres humanos, mas também servem à chocante experiência da eliminação, em condições cientificamente controladas, da própria espontaneidade como expressão de conduta humana, e da transformação da personalidade humana numa simples coisa, em algo que nem mesmo os