Resumo como se faz um processo
I
O DRAMA
As pessoas estão ávidas de diversão. Na verdade, tanto no teatro, como na Cinematografia, no estádio e na Corte de Assisses, se vive a vida dos outros e se esquece da própria vida. Mas para que isto ocorra é necessário que a vida dos demais esteja comprometida no drama, que é um rude contraste de forças, de interesses, de sentimentos e de paixões. Então é produzida uma espécie de evasão da própria vida em virtude da qual o espectador se identifica com os autores e até mesmo, com apenas um deles, já que cada um termina adotando seu herói. Esta é a origem dessa participação do público, que não só nos espetáculos circenses encontra suas mais clamorosas e ainda mais escandalosas manifestações.
Uma característica comum, entre outras, entre a representação e o processo é que cada um deles tem suas leis, mas se o público que assiste a um ou ao outro não os conhece, não compreende nada. Agora, se as regras não são justas, também os resultados da representação e do processo correm risco de não serem justos.
A liberdade vale mais do que a vida, como sabe quem por ela recusa à vida. O certo é que na maior parte dos processos penais, inclusive nos que podem parecer menos graves, está em jogo a liberdade do imputado. E se não for a liberdade, outros bens de grande valor constituem a aposta do processo civil, que nem sempre se trata unicamente de interesses materiais: em determinadas ocasiões, está em jogo o problema da pessoa humana, que se aposta com uma solenidade sem paralelo.
Se a esse drama tratemos de dar-lhe um nome, este seria o da discórdia. Também a concórdia e a discórdia são duas palavras que, como a de acordo, que tem tanta importância para o direito, provém da palavra “corde”, ou seja, coração: os corações dos homens se unem ou se separam; a concórdia ou a discórida são o germe da paz ou da guerra. O processo, depois de tudo, é o sub-rogado da guerra. É, em outras palavras, um modo para domesticá-la.