RESUMO: O artigo apresenta a discussão sobre a bioética ambiental no Brasil. Parte da vocação naturalmente ambientalista do país pela riqueza de sua biodiversidade e da possível contribuição que o país poderá oferecer, em foros internacionais, sobre a íntima relação entre proteção do meio ambiente e justiça social, por ser um desafio que terá que enfrentar. Um primeiro tema importante é a discussão sobre biodiversidade natural e cultural. Correspondente à perda de biodiversidade natural existe um desaparecimento da diversidade cultural na maneira do ser humano inserir-se na natureza. O Brasil detém um rico e diversificado manejo tradicional dos recursos naturais em harmonia com o correspondente ecossistema natural. Essa biodiversidade cultural está sendo destruída pela introdução da agricultura extensiva tecnificada do agro-negócio que não constrói modelos agrícolas em interação com o ecossistema local, impondo modos homogêneos de produção a regiões completamente diferentes. Essa questão pede a discussão sobre o que é desenvolvimento sustentável. Por ter ficado um conceito vago foi identificado com progresso material e medido com critérios econômicos. A impossibilidade de precificar bens comuns e duradouros da natureza e a introdução do Índice de desenvolvimento humano significaram uma correção desse reducionismo economicista e uma tentativa de entender a sustentabilidade em termos ecológicos mais amplos. Essa preocupação aponta para o movimento social conhecido como Justiça ambiental que denúncia que o ônus ambiental recai sempre sobre as populações marginalizadas da sociedade, colocando em perigo a sua vida e a sua saúde. Isso representa uma injustiça ambiental. Essa constatação obriga a uma visão ecossistêmica da saúde, na qual as condições de vida do meio ambiente fazem parte da própria compreensão de saúde. Essa visão integral está presente no movimento pela promoção da saúde e na luta por ambientes urbanos saudáveis