Resumo artigo "A dor" de Berlinck
Resumo da aula sobre o artigo “A dor”, de Manoel Tosta Berlinck
A dor é inerente ao existir humano. Dói-se da gestação até a morte. Ainda assim, tão familiar, esse fenômeno é mantido como enigmático e estranho a uma humanidade que procura incessantemente “analgesiar-se”.
Falar de dor remete a uma série de denominações específicas, a saber, enxaqueca, reumatismo, fibromialgia, artrose, gota, entre outras. No entanto, Freud em “Tratamento Psíquico” (1905), enfatiza que independente da nomeação eleita, é notória a influência das condições psicológicas na saúde/doença do indivíduo. Nesse sentido, Minkowski, em sua obra “O tempo vivido” (1973), ressalta que a dor torna evidente o nosso limite de relação com o ambiente, pois demarca o que conseguimos apanhar e suportar e, paradoxalmente, revela nosso ímpeto pessoal.
Portanto, a dor é compreendida como um referencial humano, que o alerta e protege dos estímulos lesivos. Inclusive a depressão e a angústia, respectivamente aliadas a ameaças passadas e futuras, anunciam perigos dispostos no tempo e no espaço, por vezes de maneira ineficiente, em razão da discrepância entre o tormento vivenciado e a sua correspondência com a potência destrutiva real. Essas dores, embora sentidas corporalmente, são também expressões de estados psíquicos, que recordam enfaticamente a fragilidade e o desamparo da condição humana.
Tal vulnerabilidade incorre em um intenso anseio pelo encontro da sensação de alívio, acessível indiscriminadamente nas drogas analgésicas, e não menos nos frequentes diagnósticos ofertados como identidade, proporcionando à sociedade uma posição no mínimo mais cômoda frente aos sintomas exteriorizados ou latentes.
Nesse movimento desesperado, de recusa do próprio ser, inevitavelmente doído, é estabelecida e reforçada a inabilidade em experienciar-se, alienando o sujeito de sua natureza mais íntima.
Referência
Berlinck, M. T. “A dor”, Revista Latinoamericano