restruturação produtiva
RESUMO
Antonio Kremer
José Henrique de Faria
Neste artigo, analisam-se as relações entre os processos de reestruturação produtiva e de precarização do trabalho. As dimensões de análise privilegiadas são: desemprego, vínculos empregatícios, preço da força de trabalho, qualidade dos postos de trabalho. Os resultados indicam que a base técnica característica do regime de acumulação flexível é poupadora de mão-de-obra, o que contribui para o aumento do desemprego estrutural. Os vínculos empregatícios formais tendem a tornar-se mais tênues, assim como a participação do trabalho informal no total da mão-de-obra ocupada apresenta uma trajetória de crescimento. No que se refere ao preço da força de trabalho, observa-se uma tendência declinante no decorrer da última década. O processo de reestruturação produtiva contribui para a deterioração da qualidade dos postos de trabalho, pela intensificação do trabalho nos espaços fabris, promovida por redução dos ciclos de operação, operação simultânea de um conjunto de máquinas, entre outros. A intensificação do trabalho, aliada à extensão da jornada contribui para elevar o risco do trabalhador desenvolver doenças ocupacionais relacionadas a LER e DORT.
Palavras-chave: trabalho, precarização do trabalho, reestruturação produtiva.
1. INTRODUÇÃO
Durante mais da metade do século XX, o processo hegemônico de produção de mercadorias no modo de produção capitalista é aquele que combina os princípios da administração científica de Taylor com as inovações introduzidas por Ford, tais como a linha de montagem, a padronização dos componentes e a verticalização da produção. O modelo de produção fordista, gestado no início do século passado nas fábricas de automóveis de Henry Ford, difunde-se pelos diversos países industrializados e, mais tardiamente, nos países em fase de industrialização. O fordismo configura-se como um