Restos do pos- guerra - Cinema na europa oriental
Os Restos do Pós-guerra – Dois Homens e um Guarda-roupa, 1958.
(TYLSKI, Alexandre. Roman Polanski, ses premiers films polonais. Lyon:
Aléas, 2004).
“Nossa época será marcada pelo romantismo dos apátridas. Já se forma a imagem de um universo onde ninguém mais terá cidadania”.
(E. M. Cioran, Silogismos da amargura, “Occident”, 1952)
1958. Nasser se torna o novo chefe dos Emirados Árabes Unidos. Abertura da exposição universal em Bruxelas. Seguindo os eventos da Algéria, queda da quarta república francesa.
Jacques Tati obtém o prêmio especial do Júri em Cannes, por Meu tio. Ed Wood Jr acaba Plano
9 do Espaço Sideral. Criação da NASA. Independência de Singapura e do Guiné. Entrada do
Japão na ONU. Nicolas Kroutchev se torna presidente do Conselho na URSS. Hitchcock lança
Um Corpo que Cai. Orson Welles lança A Marca da Maldade.
“O que eu adoraria fazer, por exemplo – confessa Polanski -, seria um longa-metragem equivalente a ‘Dois homens e um guarda-roupa’. Mesmo sendo muito fácil exprimir uma ideia abstrata num curta-metragem, é preciso ser muito forte para manter as pessoas ligadas num filme durante duas horas. É preciso contornar o obstáculo exprimindo algo diferente da ideia.
Sem dúvida, há uma solução. Por que todos os livros de Faulkner, por exemplo, são feitos assim. Isso pode ser ridículo de ser dito, mas Santuário [de William Faulkner] exprime um pouco a mesma coisa que Dois homens e um guarda-roupa já que este também fala da intolerância e da estupidez da sociedade” (POLANSKI, 1984, p.83).
Imaginar
Polanski hoje admite ter feito este filme com o objetivo de ganhar um prêmio no concurso de curta-metragem experimental da Exposição Universal de Bruxelas de 1958. Revela-se, assim, o senso pragmático, quase comercial, do jovem sobrevivente Polanski. Retornaremos a esse assunto. Mas no fundo é também e, sobretudo, o desejo de fazer filmes, de se liberar, que o apaixona. Difícil não ver nesse filme burlesco um retorno, terno e duro,