resenha
A proposta do documentário de João Jardim, quando constrói um roteiro a partir das experiências reais de escolas brasileiras, traz à cena pública alguns elementos que remetem a uma reflexão sobre a multiplicidade de fatores que são inerentes à vida na e da escola e os elementos objetivos e subjetivos que definem os rumos de milhares de crianças e adolescentes. A educação como instituição pode ser interpretada como um “templo” de realização do indivíduo em sua fase de formação humana, corroborando a tese de Durkheim de que a educação reproduz a sociedade em que vivemos.
“Longe de a educação ter por objeto único e principal o indivíduo e seus interesses, ela é antes de tudo o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições de sua própria existência. A sociedade só pode viver se dentre seus membros existe uma suficiente homogeneidade, fixando desde cedo na alma da criança às semelhanças essenciais que a vida coletiva supõe” (DURKHEIM, 1993, p.57).
O propósito factual desse documentário não é somente relatar as fortes diferenças existentes entre as escolas e os sistemas de ensino do país, mas demonstrar que o sistema educacional brasileiro é grave quando os problemas trazidos à cena são de origem do próprio sistema.
Paulo Freire (2001) insistia que o primeiro livro a ser lido era o da realidade. “Ler o mundo” e “ler a palavra” implicava “reescrever o mundo”. Em outras