Resenha
BOURDIEU, Pierre. O camponês e seu corpo. Revista de sociologia e política, número 26: 139-141, junho 2006
¹Samanta Lacerda Simões
O francês Pierre Bourdieu trás no seu escrito, a cena de um baile, onde há jovens, a maioria solteiros, e idosos, porquanto é neste ponto que o autor sobrepuja, como o camponês se inferioriza tanto em relação ao seu corpo, tem uma imagem desvalorizada a partir das opiniões que outros formam de si. A má consciência que o camponês tem de seu corpo faz com que se tornem pessoas introvertidas, adotando atitudes mais envergonhadas.
O camponês não se sente a vontade nestes bailes com ritmos mais urbanos “Esse pequeno baile do interior dá ocasião a um verdadeiro choque de civilizações. Nele é todo o mundo da cidade, com seus modelos culturais, sua música, suas danças, suas técnicas corporais, que irrompe na vida camponesa. Os modelos tradicionais dos comportamentos em festas se perderam ou deram lugar a modelos urbanos. Nesse domínio, como em outros, a iniciativa é das pessoas do bourg. As danças de antigamente, que traziam a marca do campo em seus nomes (la crabe, lou branlou, lou mounchicou etc.), em seus ritmos, em sua música, nas letras das músicas, foram substituídas por danças importadas da cidade.” (pag. 85).
Por este motivo o mesmo sente falta do tempo em que seus bailes eram mais simples. O autor também ressalva que o camponês não se expressar com as moças. “Para dançar não basta saber os passos, colocar um pé na frente do outro. Até isso, para alguns, não é tão fácil. Também é preciso saber conversar um pouco durante a dança e depois. Enquanto se dança, é preciso ser capaz de falar de outra coisa além dos trabalhos agrícolas ou do tempo.” (pag.88)
No entanto, as mulheres são muito mais aptas a adotar os estilos urbanos tanto corporais quanto indumentários, as mulheres se demonstram muito mais motivadas a essas mudanças, uma vez que a cidade representa a elas esperança de vida melhor, ou seja, emancipação do campo