resenha
em seu estudo são dois fatores centrais que configuram a
constituição de uma ciência. A consciência, muitas vezes alçada à
condição de objeto da psicologia, é alvo de um interesse que percorre
grande parte da história da disciplina. Se por um lado isso demonstra
a relevância que o conceito adquiriu para explicar, ou ao menos
organizar, a diversidade dos fenômenos mentais, por outro, a
amplitude semântica que o mesmo encontra em cada teoria torna a
tentativa de alcançar um consenso uma tarefa até o momento
malograda. Usado por diferentes escolas de pensamento em
psicologia, sua definição insuficiente tem atravessado as fronteiras
teóricas e persistido ainda hoje, fazendo com que seu poder
heurístico seja reduzido e sua aplicação banalizada.
Nesse contexto, a relevância das investigações voltadas para o
desenvolvimento histórico e filosófico da psicologia situa-se não em
um mero apego passadista, mas sim, como afirma Koch, na
necessidade de situar “onde nos encontramos no momento presente,
tendo em mente a relação com os objetivos historicamente
constituídos pela “nova psicologia” e seus pioneiros” (KOCH, 1980, p.
5). Com o intuito de situar a fundamentação científica deste conceito,
estudos atuais acerca da consciência envolvem tanto
questionamentos de caráter filosófico (STURM; WUNDERLICH, 2010),
como estritamente psicológicos, voltados para um possível
compartilhamento de significados (FERRARI; ROBINSON; YASNITSKY,
2010). A partir destes esforços e sob uma perspectiva que considere
a análise lógica interna de cada teoria, pode-se pretender fazer
avançar um campo de conhecimentos que ainda hoje se apresenta
como um quebra-cabeças inarticulado e sem imagem definida.
Ao retomar o conceito de consciência elaborado por Wilhelm Wundt
(1832-1920), pretendemos recuperar um programa de pesquisas