Resenha
Neste primeiro momento, o autor teoriza sobre a sociologia da crise e do acontecimento, como forma de contextualizar o leitor e de introduzir a crise da cultura, como causa e consequência da crise social. Para conceituar crise e acontecimento, são utilizados dois textos distintos de Morin que discutem abordagens e premissas de uma ciência do acontecimento (o acidente, o que é irreversível) e da teoria da crise.
No primeiro artigo, A crise, Morin traz a ideia de que a sociologia da crise deve ser fenomenológica, ou seja, empenhar-se mais em registrar o acontecimento de maneira participativa do que em restabelecer a coerência teórica que normalmente é dispersada durante a agitação em torno do fato ocorrido. Ele coloca que a crise é uma maneira de recolocar em discussão sua metodologia e paz teórica para o observador. No segundo artigo, Morin foca no acontecimento em si, perguntando se é possível transformá-lo em objeto de ciência. Sempre fiel ao contexto social em que suas ideias estão inseridas, Morin usa de exemplos práticos para demonstrar suas teorias. Neste texto, ele fala do “Maio de 1968”, período inaugurado por estudantes em que uma greve geral se instalou na França e reabriu a questão sobre o significado de uma crise. Morin afirma que, para a sociologia que não concentra todos os recursos nas médias estatíscas, as crises são importantes, já que são reveladores de realidades latentes e reúnem o caráter de necessidade e o caráter conflitual da sociedade. O autor então mostra como identificar uma crise, de que forma delimitar o acontecimento a ser estudado e quais os métodos possibilitam a análise de um objeto por meio da Sociologia do Presente, um estudo especialmente atento ao acontecimento e à crise.
Para o autor, além de fenomenológica e clínica, esta Sociologia do Presente deve ter claro a noção do que é um acontecimento, que, segundo Morin, é tudo aquilo que não se inscreve