resenha
O Governo brasileiro tem historicamente contribuído para agravar as desigualdades econômicas existentes entre as diferentes regiões brasileiras. Basta analisar os dados sobre a economia nacional para verificar essa realidade. Os resultados prejudiciais são notavelmente conhecidos por todos: violência, desigualdade econômica, insegurança pública, insuficiência de infra-estrutura nos bairros mais periféricos, sistema de saúde pública extremamente deficitária, etc. Esse é o caso, por exemplo, da nossa região Norte,que tem tido um impacto em grande parte nas regiões mais pobres, a tendência desenvolvimentista do atual governo tem representado uma ameaça à continuidade da cultura dos povos da Amazônia. As mega-obras do PAC, principalmente as hidroelétricas expressam de forma clara o conflito entre dois modos de vida diferentes: de um lado, as populações ribeirinhas indígenas e tradicionais, que vivem diretamente do rio e da floresta, com um padrão produtivo da baixa tecnologia mais por opção cultural do que por restrição histórica; do outro lado as indústrias do ABC paulista e do Rio de Janeiro que precisam ser abastecidas com energia elétrica para sustentar o desenvolvimento econômico regional, garantindo emprego e renda para a população urbana das grandes metrópoles brasileiras.Independentemente das controvérsias técnicas existentes sobre a viabilidade econômica e social de grandes obras de infra-estrutura como Belo monte, o fato é que essas iniciativas explicitam claramente que o estilo de vida das grandes metrópoles é valorizado em detrimento desse outro Brasil que se pretende superar com as políticas de desenvolvimento e industrialização. É como se o governo federal admitisse que uma parte da população ribeirinha que vive das águas do rio Xingu serão sacrificadas em nome do progresso. Se é verdade que o Brasil precisa crescer e se desenvolver, isso deve ocorrer de forma descentralizada,